sexta-feira, 19 de maio de 2017


Sinais Clínicos: Sinal de Hoover

            Vamos à busca de mais um sinal clínico, dessa vez iremos abordar um distúrbio do sistema respiratório. Para compreender o sinal clínico que será apresentado, inicialmente precisamos indagar: você conhece a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)?
            A DPOC é definida pela limitação do fluxo aéreo de forma crônica. A doença engloba o enfisema pulmonar, caracterizado por destruição e dilatação dos alvéolos pulmonares, e a bronquite crônica, afecção inflamatória que compromete os brônquios, na qual o paciente apresenta tosse crônica e expectoração purulenta. Dentre seus fatores de risco, destaque é dado ao tabagismo. Além do último, estudos mostram também risco aumentado relacionado à poluição do ar e de acordo com a exposição ocupacional do paciente, como observado em trabalhadores de minas de carvão.
            Os sintomas mais comuns são tosse, produção de escarro e dispneia aos esforços, que podem evoluir por meses ou anos agravando os sintomas. Como se trata de uma doença progressiva, é importante investigar a história do paciente na anamnese, atentando-se para o fato de que muitas vezes o acometido relaciona seus sintomas a uma doença aguda e não à exacerbação de sua doença crônica.
            O exame físico pode ser normal ou apresentar algumas alterações, que vamos comentar a seguir, a depender do comprometimento da doença. Um sinal clássico é o tórax em tonel (aumento no diâmetro ântero-posterior do tórax) e em quadros da doença avançada podemos encontrar o Sinal de Hoover: movimentos paradoxais do gradil costal para dentro durante a inspiração, ou seja, retração do tórax durante a inspiração. Isso porque no enfisema encontramos um diafragma retificado, levando a alteração da contração diafragmática em virtude da hiperinsuflação crônica. A figura a seguir demonstra uma imagem típica do ensino tradicional, retratando o paciente enfisematoso como “soprador rosado” (pink puffers) onde características como magreza e uso importante da musculatura acessória chamam atenção, por outro lado, representam aqueles com bronquite crônica como “pletórico cianótico” (blue bloaters), paciente com ganho de peso e cianótico. Entretanto, é importante ressaltar que a maioria dos pacientes com DPOC apresentam características das duas entidades ao exame físico.


Matéria escrita pela ligante Débora Tana.

Referência:

Medicina Interna de Harrison. Editora AMGH, 18ª edição, v. 2. 2013.  

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