RASTREIO DA MICROALBUMINURIA EM PACIENTE DIABÉTICO
A nefropatia diabética (ND) é uma
complicação microvascular muito frequente nos portadores de diabetes mellitus
tipo 1 ou 2, sendo no Brasil a segunda principal causa de insuficiência renal
crônica (IRC), perdendo apenas para a nefropatia hipertensiva. Além disso a ND
associa-se com aumento na taxa de mortalidade, principalmente por doença
cardiovascular. O estudo UKPDS constatou que o risco de morte cardiovascular
aumenta progressivamente à medida que progridem os
estágios da ND. Por isso é necessário o entendimento das
fases dessa doença e a importância do seu rastreio.
A glomeruloesclerose diabética
(principal lesão renal do diabetes mellitus) tem como característica
histopatológica a esclerose glomerular, que é caracterizada por áreas de
expansão acelular da matriz mesangial. Esta lesão é desencadeada inicialmente
pela Hiperfiltração glomerularreacionada à hiperglicemia constante, sendo esse
o estágio 1 (pré-nefropatia) da história natural da ND.
O estágio 2 é considerado o marco
da lesão renal, ele ocorre aproximadamente em 10 anos após a instalação da
doençae é caracterizado pela microalbuminúria fixa. Esta refere ao aumento da
excreção urinária de albumina emníveis ainda indetectáveis pelos métodos
convencionais do EAS (Dipstick). Por isso se faz necessário o seu rastreio em
urina 24h ou em amostra aleatória de urina, os quais apontarão os seguintes
valores: 30-300 mg/24h (urina de 24h) ou 30-300 mg/g de creatina (amostra
urinária isolada, matinal), sendo este o recomendado para o rastreio visto sua
maior simplicidade.
Para ser considerada
"microalbuminúriafixa", o resultado deve se repetir em pelomenos duas
de três amostras de urina, colhidasnum período de 3-6 meses. Episódios
de"microalbuminúria transitória" podem ocorrerem pessoas normais ou
em diabéticos na Fase 1, desencadeados por exercício físico nas últimas 24h,
infecções, febre ou posição ortostática prolongada.
E quando tenho que começar o
rastreio? Depende... o paciente que possui DM tipo 1 sabe exatamente a data de
início da instalação da doença pois o mesmo internou com cetoacidose diabética,
entretanto o DM tipo 2 não tem um marco que delimita o início da instalação do
diabetes, por isso no DM Tipo 1 o rastreio ocorre 5 anos após o diagnóstico, e
no DM Tipo 2 logo após o diagnóstico.
Com que frequência eu devo fazer
o rastreio? Anualmente
Existe alguma vantagem em
rastrear microalbuminúria? Sim, pois com o correto tratamento da
microalbuminúria pode tanto reveter completamente a microalbuminúria por tempo
indeterminado impedindo com que a lesão renal progrida para proteinúria que é o
considerado o estagio 3, bem como ela pode fazer com que pacientes que já
estejam no estágio 3 tenham sua evolução retardada para o estágio de rim
terminal (estágio 5)
E qual seria o tratamento? O
tratamento será fazer com que os rins não percam proteínas, para isso é
necessário que a pressão glomerular seja diminuída, e isso é alcançado com o
relaxamento da arteríolaeferente. As medicações usadas para este fim são os
iECA ou BRA-II (lembrando que a angiotensina promove vasoconstrição da
a.eferente e com isso aumento da Pressão glomerular, por isso seu bloqueio gera
o efeito oposto).
Uma observação
importante a ser feita, é que em pacientes cuja taxa de filtração glomerular
esteja muita prejudicada, < 40mlmin, fazendo com que ureia e creatinina
(>2,5 a 3mg/dl) se elevem no sangue, estagio 4 Fase azotêmica, a utilização
dessas drogas podem precipitar uma IRA ou hipercalemia grave, fazendo com que
as mesmas sejam suspensas quando o paciente entra neste estágio da doença.
Além da
utilização desses medicamentos outras medidas também contribuem para retardar a
progressão da doença para o estágio de rim terminal, que são o controle rígido
da pressão arterial e da hlpercolesterolemia, alémde restrição de proteínas na
dieta (0,8 g/kg de peso/dia).
Apesar da
simplicidade do rastreio e conduta da microalbuminúria, muitos diabéticos ainda
só são detectados com ND no estágio 3 ou 4, e por isso é tão importante nos
atentarmos para essa temática!
Ligantes Pamela e Hemanuelly
Diretriz da Sociedade Brasileira
de Diabetes 2015-2016
MURUSSI, Marcia et al . Detecção
precoce da nefropatia diabética.ArqBrasEndocrinolMetab, São Paulo
, v. 52, n. 3, p. 442-451, Apr. 2008 .
http://www.saude.sp.gov.br/resources/ses/perfil/gestor/homepage//linhas-de-cuidado-sessp/diabetes-melitus/anexos/nefropatiadiabetica.pdf
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