segunda-feira, 21 de novembro de 2016

OBESIDADE



A obesidade já se tornou uma das mais importantes epidemias do mundo moderno, sendo considerada um dos problemas mais comuns do estilo de vida atual. Engana-se quem a trata apenas como um problema estético ou de aceitação social. A obesidade é uma doença com mortalidade proporcional ao grau de sobrepeso. Quanto maior, mais grave. O excesso de peso ou a obesidade grave é um fator de risco crucial no desenvolvimento de muitas doenças crônicas. Assim, o obeso tem mais propensão a desenvolver problemas como hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, entre outras.
A prevalência da obesidade vem aumentando em praticamente todo o mundo, o que a torna um assunto crucial. No Brasil, cerca de 18 milhões de pessoas são consideradas obesas. Somando o total de indivíduos acima do peso, o montante chega a 70 milhões, o dobro de há três décadas. Assim, devido a estes números assustadores, a Organização Mundial de Saúde caracterizou a obesidade como um dos maiores problemas de saúde pública no mundo.

Mas afinal, o que seria obesidade exatamente? 

A obesidade é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal no indivíduo. Para o diagnóstico em adultos, o parâmetro mais utilizado comumente é o do índice de massa corporal (IMC).O IMC é calculado dividindo-se o peso do paciente pela sua altura elevada ao quadrado. É o padrão utilizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que identifica o peso normal quando o resultado do cálculo do IMC está entre 18,5 e 24,9 e obeso quando o IMC está acima de 30. Clique no link a seguir e descubra o seu IMC pelo site da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia - http://www.endocrino.org.br/teste-seu-imc/
A causa da obesidade é complexa e multifatorial, resultando do patrimônio genético da pessoa, ambiente, estilos de vida, como os maus hábitos alimentares e o sedentarismo, fatores emocionais, dentre outros. Porém, o fato de haver forte influência genética na obesidade não indica que esta seja inevitável, devendo-se pôr em prática todos os esforços para tentar adequar o peso e realizar, assim, um importante trabalho preventivo, numa condição ligada a tantos efeitos deletérios em curto, médio e longo prazos.

Então, como tratar a obesidade?

Os avanços ocorridos em relação aos conhecimentos sobre a obesidade não foram acompanhados de grandes progressos no que se refere ao seu tratamento. Muitas estratégias de emagrecimento têm sido tentadas, mas, via de regra, perder peso e mantê-lo são extremamente difíceis na maioria dos casos. A perda de peso sempre dependerá de um balanço energético negativo, consequente à menor ingestão alimentar em relação ao gasto calórico. Assim, esta situação é alcançada com a combinação de uma redução da ingestão alimentar e do aumento da atividade física. 
Além disso,como já sabemos, a obesidade é uma doença multifatorial e complexa, desse modo, o controle dos fatores ambientais se faz necessário para combatê-la e preveni-la.No tratamento da obesidade deve-se objetivar, não só a perda de peso, mas também a correção dos fatores de risco cardiovascular, dependentes da resistência à insulina. A ideia de se reduzir o peso corporal de indivíduos obesos para valores consideráveis normais, através de dietas com conteúdo calórico muito baixo, vem sendo substituída por condutas que levam a um objetivo menos ambicioso e mais realista, pela impossibilidade de se conseguir, a longo prazo, atingir e manter o peso ideal na maioria dos casos.Não existe nenhum tratamento farmacológico em longo prazo que não envolva mudança de estilo de vida. Há várias opções de tratamento para a obesidade e o sobrepeso. Quanto maior o grau de excesso de peso, maior a gravidade da doença. Assim, a escolha do tratamento deve basear-se na gravidade do problema e na presença de complicações associadas, como a diabetes tipo 2, hipertensão arterial e dislipidemia.
Desse modo, considera-se sucesso no tratamento da obesidade a habilidade de atingir e manter uma perda de peso clinicamente útil, que resulte em efeitos benéficos sobre estas doenças associadas. O sucesso em longo prazo depende de constante vigilância na adequação do nível de atividade física e de ingestão de alimento, além de outros fatores, como apoio social, familiar e automonitorização. 

Idealmente, deve-se estabelecer o grau de obesidade no qual se aceita a intervenção com medicamentos em cada população, mas os critérios aceitos são: 

1) IMC de 30 kg/m2 ou 25 kg/m2 na presença de comorbidades; 

2) falha em perder peso com o tratamento não farmacológico. 

Existem, atualmente, cinco medicamentos registrados para tratar a obesidade no Brasil: dietil propiona (anfepramona), femproporex, mazindol, sibutramina e orlistate. Porém, deve-se sempre procurar o médico antes de iniciar qualquer tratamento.
Já em relação às dietas, o fator que dificulta o seu sucesso está relacionado a programas muito restritos em termos calóricos, que produzem em curto prazo perdas ponderais significativas. Isso porque o organismo apresenta uma tendência fisiológica de se "defender" contra as variações drásticas no seu peso corporal. Restrições no seu aporte alimentar levam à ativação de mecanismos compensatórios para minimizar a perda de peso, através da redução na taxa de metabolismo basal. Desse modo, um tratamento dietético que resulte em uma perda de peso mais modesta, mas que produza alterações mais estáveis é provavelmente mais favorável. Assim, perdas ponderais entre 5 e 10% do peso inicial podem ser suficientes para produzir alterações benéficas nos níveis de glicemia, no perfil lipídico do plasma e nos níveis da pressão arterial.
O total de calorias a ser consumida deve ser reduzido em 500 a 1000 kcal por dia, com base no cálculo de energia despendida pelo paciente. A dieta assim planejada é usualmente suficiente para produzir uma perda de peso entre 0,5 a 1,0 kg/semana. Recomendações gerais devem incluir aumento na ingestão de fibras, que produzem maior grau de saciedade, redução na absorção de sacarose, de álcool e de gorduras saturadas. 
A proporção normal de nutrientes deve ser mantida apesar da limitação calórica e adaptada ao perfil metabólico do paciente. Geralmente as proteínas devem satisfazer de 15 a 20% da quantidade total de calorias da dieta, carboidratos devem corresponder de 50 a 55% e as gorduras não devem ultrapassar 30% do conteúdo calórico total. Para melhorar a aderência do paciente à dieta é recomendável que esta se adapte aos seus gostos, fornecendo-lhe variadas opções de cardápio. Ao lado disso, o sucesso da dieta depende fundamentalmente do processo de reeducação alimentar, que faz parte da denominada terapia comportamental. Portanto, é de grande importância o acompanhamento com um nutricionista para a efetivação do tratamento.

Ligantes Camila Chagas e Kaique Veloso. 

Referências utilizadas:
- Diretrizes brasileiras de obesidade 2009/2010 / ABESO - Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. - 3.ed. - Itapevi, SP : AC Farmacêutica, 2009.
- I Diretriz Brasileira de Prevenção Cardiovascular.ArqBrasCardiol. 2013; 101(6Supl.2): 1-63.

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