DEPRESSÃO
Introdução
A depressão pode ser definida como uma doença da mente e do corpo que se caracteriza por afetar o estado de humor da pessoa em qualquer ciclo da vida, deixando-a com um predomínio anormal de tristeza e diminuição de sua energia. Diagnosticada como doença há menos de 50 anos, a depressão é atualmente a quarta causa de incapacidade no mundo e deverá ser a segunda até 2020, de acordo com a a Organização Mundial da Saúde (OMS). Estima-se que no mundo todo o número de pessoas afetadas chega a 350 milhões. Só no Brasil, a estimativa é de 10 milhões de casos, com prevalência entre 10,8 % ao ano, o maior de todos os índices registrados em outros países no ano de 2011. Dados epidemiológicos mostram que há um predomínio do sexo feminino em relação ao masculino (2:1) em adultos, bem como em solteiros, minorias étnicas e áreas rurais.
As causas envolvidas na depressão ainda são incertas e, atualmente, fala-se mais em um caráter multifatorial, resultante de fatores genéticos (genes que conferem maior ou menor vulnerabilidade à doença), biológicos (disfunção de monoaminas como serotonina, dopamina e noradrenalina; fatores humorais e inflamatórios; lesão ou disfunção cerebral) e ambientais (estresse, más condições de vida).
Manifestações clínicas
São sintomas de depressão:
● Humor depressivo ou irritabilidade, ansiedade e angústia;
● Desânimo, cansaço fácil, necessidade de maior esforço para fazer as tarefas diárias;
● Diminuição ou incapacidade de sentir alegria e prazer em atividades anteriormente consideradas agradáveis e prazerosas;
● Desinteresse, falta de motivação, apatia e indecisão;
● Sentimentos de medo, insegurança, desesperança, desespero, desamparo e vazio;
● Pessimismo, ideias frequentes e desproporcionais de culpa, baixa autoestima, sensação de falta de sentido na vida, inutilidade, ruína, fracasso, doença ou morte;
● Interpretação distorcida e negativa da realidade;
● Dificuldade de concentração, raciocínio mais lento e esquecimento frequente;
● Perda ou aumento do apetite e do peso;
● Insônia (dificuldade de conciliar o sono, múltiplos despertares ou sensação de sono muito superficial), despertar matinal precoce (geralmente duas horas antes do horário habitual) ou, menos frequentemente, aumento do sono (dorme demais e mesmo assim fica com sono a maior parte do tempo);
● Dores e outros sintomas físicos não justificados por problemas médicos, como dores de barriga, má digestão, azia, diarreia, constipação, flatulência, tensão na nuca e nos ombros, dor de cabeça ou no corpo, sensação de corpo pesado ou de pressão no peito, entre outros.
Diagnóstico
Como forma de diagnóstico da doença, foram criados critérios de acordo com os sintomas mais característicos. Portanto, denomina-se depressão quando há a presença de, pelo menos, humor deprimido e/ou perda de interesse ou prazer, durante o mesmo período de 2 semanas. Além disso, o indivíduo deve apresentar cinco ou mais dos seguintes sintomas:
1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, conforme relatado pelo próprio paciente (p. ex., sente-se triste, vazio ou sem esperança) ou por observação feita por outra pessoa (p. ex., parece choroso);
2. Acentuada diminuição de interesse ou prazer em todas, ou quase todas, as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias;
3. Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta (p. ex., mudança de mais de 5% do peso corporal em um mês) ou redução ou aumento no apetite quase todos os dias;
4. Insônia ou hipersonia quase diária;
5. Agitação ou lentificação quase todos os dias;
6. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias;
7. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada quase todos os dias (não meramente autorrecriminação ou culpa por estar doente);
8. Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão quase todos os dias;
9. Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida recorrente, tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio.
Tratamento
A depressão é uma doença e como tal deve ser tratada. Atualmente, o tratamento ideal e eficaz inclui tanto o tratamento medicamentoso com antidepressivos, quanto o tratamento psicoterápico. Enquanto a medicação desempenha o papel de reequilíbrio orgânico, a psicoterapia aborda estratégias terapêuticas que focalizam pensamentos e comportamentos associados ao humor deprimido, no modo como se relacionam consigo mesmo, com o mundo e com as pessoas. Assim, essa modalidade promove um melhor enfrentamento dos problemas e alívio de sintomas, além de prevenir futuras recaídas.
Prevenção
Identificar os primeiros sinais de alarme é o primeiro passo para prevenir a depressão ou evitar a progressão da doença. O diagnóstico preciso e precoce está relacionado a melhor prognóstico, o que torna fundamental a procura de ajuda quando o próprio indivíduo ou seus familiares detectam sinais e sintomas sugestivos. 10% a 25% dos que procuram clínicos gerais têm quadro depressivo.
Depressão é uma doença recorrente. Aqueles que já apresentaram um episódio na vida apresentam cerca de 50% de possibilidade de manifestar outro quadro; quando há história prévia de duas recidivas, as chances aumentam para 70%, e de três episódios, chegam até 90%. Sendo assim, é fundamental que os indivíduos que já tiveram depressão procurem sempre estar em dia com a saúde física e principalmente mental, fazendo um adequado acompanhamento com profissionais de saúde habilitados.
Terminou a leitura? Ótimo, Dr. Drauzio Varella quer trocar uma palavrinha com você (é rapidinho, não vai demorar)…
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